Capítulo 7 – Proximidade
Minhas idas à sua casa tornaram-se mais freqüentes desde este acontecimento. Lavínia tentou convencer Wesley a buscar tratamento, mas ele prometeu a ela que iria se controlar sozinho e que nunca mais cometeria tal infração e saiu ileso da situação. Não queria que Lavínia houvesse concordado com isso, mas prometi que iria aceitar as decisões dela calado e calado permaneci.
Cássia não gostou muito do cancelamento de nosso primeiro encontro e começou com uma ladainha infernal em meu ouvido. Nosso relacionamento pouco avançado acabou ainda naquela semana. Estava decidido a não correr atrás de nenhuma outra mulher enquanto vida eu tivesse. Se ela quisesse algo promissor comigo teria entendido que eu precisava resolver um problema com minha melhor amiga e por isso não poderia ir encontrar com ela. Qual era o problema em adiar um simples jantar? As mulheres são muito difíceis.
Com o fim de meu envolvimento com Cássia, e a felicidade de Lavínia ao saber disso, minha vida tornou-se a mesma coisa que estava antes. A única coisa que mudou foi o fato de eu haver conseguido a empregada. Doralice aceitou o emprego e, como nunca casou e nem possuía parentes em Campina Grande, passou a morar comigo. Era bom ter uma companhia para conversar de vez em quando. quer ler o resto aperte em leia mais.
Todas as portas da vida pareciam estar se abrindo para mim, exceto as do meu trabalho. Conforme os dias foram passando, o número de alunos inscritos no curso de computação diminuiu consideravelmente. O que sustentava basicamente o material do curso era o dinheiro da loja de consertos, mas não era muita coisa, e ainda tinha o salário de meus oito funcionários para pagar. Não era uma empresa grande e manter negócio próprio pode ser bom, mas é muito trabalhoso, principalmente quando você é responsável por tudo.
O declínio de meu império me deixava muito estressado e restava apenas desabafar com minha psicóloga particular. Lavínia só trabalhava à tarde, o que me deixava com inveja, pois conseguia em uma ou duas semanas o que ela conseguia em três consultas diárias. Era incrível com ela sempre teve mais sorte e capacidade do que eu para conseguir as coisas. O máximo que eu consegui foi uma formação em engenharia técnica e um trabalho muito bom que me trouxe o capital necessário para montar meu próprio negócio, mas depois tudo piorou.
Casei com Ana, comprei meus apartamentos e financiei o carro. Para um pobre lascado nascido e crescido na zona rural de Fagundes eu estava bem de vida. Mas para um microempresário que se formou e conseguiu o primeiro emprego em Campina Grande eu estava no fundo do poço da desgraça.
As contas aumentavam e o dinheiro diminuía. Às vezes eu pensava que Ana havia feito algum tipo de bruxaria, porque o dinheiro começou a ficar pouco depois que ela deixou minha vida. Entretanto, descartava essa possibilidade porque já passei por uma crise parecida antes. Meu negócio era recente e não havia engatado da maneira esperada por falta de oportunidade. Era só uma questão de tempo.
Lavínia era a única pessoa com quem eu podia contar. Éramos muito próximos e essa proximidade gerou uma relação única, a qual não se podia explicar porque não era definível, mas era algo sentimental. Nossa diferença de idade não era muito grande – eu era apenas quatro anos mais velho, mas nunca fui maduro como ela. Era incrível nossa diferença mental. De todas as certezas de minha vida, e que não eram muitas, Lavínia era a única que eu sabia que realmente não iria virar uma dúvida. Ela era a única coisa que eu sabia que era verdadeira em minha vida, e agradecia por isso.
Era como se fossemos irmãos, mas não quaisquer irmãos. Éramos irmãos de verdade, que se amavam acima de qualquer briga, discussão ou simples desentendimentos. Um completava o outro, como se até a alma compartilhassem.